A tentação de terceirizar culpas
Vivemos em uma época em que culpar terceiros virou quase um reflexo. Se algo não sai como gostaríamos, logo aparece o culpado da vez: o governo, a família, a economia, o chefe, “o sistema”. A lista é extensa e sempre encontra um “outro” conveniente para carregar a responsabilidade.
Mas a verdade é que, por mais que fatores externos influenciem nossa trajetória, há uma parcela inegociável que depende de nós. A forma como respondemos às circunstâncias, as escolhas que fazemos — ou deixamos de fazer — moldam silenciosamente a vida que levamos. Quando terceirizamos culpas, abrimos mão de assumir essa parte.
É claro que nem tudo está sob nosso controle. Mas aí entra a escolha: podemos ficar parados, lamentando, ou nos adaptar e tomar iniciativa. E a maneira como escolhemos nos adaptar é, em si, uma responsabilidade pessoal.
Ter autoconsciência é enxergar que fugir da responsabilidade pode até aliviar momentaneamente, mas mantém a vida no mesmo lugar. O contrário, assumir o que nos cabe, exige coragem, mas abre portas. Porque, no fim, ninguém mais pode viver a nossa vida em nosso lugar.